Um professor e dois pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) apresentaram uma ideia inovadora: criar uma criptomoeda voltada para a instituição. Eles sugerem que essa moeda digital se chame ₿itUSP e que seu principal objetivo seja converter o crédito orçamentário da USP em tokens. Com isso, todas as transações internas da universidade seriam registradas de maneira eficiente.
Os pesquisadores defendem que uma criptomoeda desse tipo traria mais transparência e rastreabilidade para as transações internas. Isso ajudaria a administrar melhor os recursos, uma vez que ao converter créditos orçamentários em unidades digitais, a USP poderia obter dados em tempo real, melhorar a cooperação entre as diversas unidades e guiar suas políticas de eficiência. “Isso é incrível, pois, desse jeito, conseguimos entender melhor como os recursos são utilizados”, explicam os autores.
Além disso, o uso da ₿itUSP facilitaria as transações entre os laboratórios, hospitais, órgãos administrativos e a comunidade universitária. Funciona assim: sempre que um serviço é prestado, a transação é registrada como um débito para quem usou o serviço e um crédito simbólico para quem o ofereceu.
Em busca de transparência
Os pesquisadores destacam que esse sistema interno permite enxergar fluxos de recursos que antes eram invisíveis ou mal registrados. É uma nova forma de mensurar produtividade e demanda, oferecendo uma visão mais clara da capacidade instalada de cada unidade.
É importante ressaltar que a ₿itUSP não se comportaria como uma criptomoeda normal, que costuma ser volátil e especulativa. Na verdade, ela não criaria novos recursos, apenas digitalizaria créditos orçamentários já aprovados. Em outras palavras, a moeda não geraria novos fundos; ela apenas transformaria parte dos créditos em uma representação digital, permitindo um controle mais rigoroso e conforme as normas de contabilidade pública.
Para os autores, registrar dados em uma blockchain é uma maneira eficaz de tornar o planejamento orçamentário mais simples e de otimizar a alocação de recursos. Isso significa que os gestores terão à disposição uma ferramenta poderosa para avaliar a eficiência da utilização dos recursos.
O artigo que apresenta essa ideia é assinado por Amaury José Rezende, professor na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEA-RP) da USP, Flávio Alves de Carvalho e Roberto Miranda Pimentel Fully, ambos pós-doutorandos da mesma faculdade.
